21 de abril de 2012
Querida mãe
Estou tendo essa oportunidade de conhecê-la melhor.
Quando criança, não pude fazê-lo, porque sentia medo de você.
Quando adolescente, sentia rebeldia e não conseguia vê-la.
Agora aos sessenta anos, depois de quatro casamentos, bem sucedidos, mas que se acabaram, me volto á você.
Ainda sinto um pouquinho de medo, você é muito certinha e muito diferente de mim.
Tenho dificuldade de me comunicar com você.
Você gosta de dança clássica e eu de dança de vanguarda.
Sou aérea e você tem um sentido prático que invejo.
Você diz que não me conhece.
Que estudou astrologia para tentar me compreender.
Que sou muito impulsiva e preciso aprender a ter mais paciência, analisar a situação, antes de tomar decisões.
Hoje lhe trago rosas para expressar o meu amor e gratidão.
Sei que você deseja o melhor para mim, só não consegue entrar no meu mundo tão estranho e diferente para você.
Torna-se urgente que nos conheçamos.
Mais importante, que possamos expressar nosso amor.
Quero enxergar melhor suas inúmeras qualidades.
Eu te amo.
Quero perder o medo e conhecê-la.
Conhecer o seu interior, suas sensações e seus anseios.
Quero aprender comvocê.
Finalmente, gostaria que nossos mundos ficassem mais próximos.
Com amor.
Sua filha.
Quando criança, não pude fazê-lo, porque sentia medo de você.
Quando adolescente, sentia rebeldia e não conseguia vê-la.
Agora aos sessenta anos, depois de quatro casamentos, bem sucedidos, mas que se acabaram, me volto á você.
Ainda sinto um pouquinho de medo, você é muito certinha e muito diferente de mim.
Tenho dificuldade de me comunicar com você.
Você gosta de dança clássica e eu de dança de vanguarda.
Sou aérea e você tem um sentido prático que invejo.
Você diz que não me conhece.
Que estudou astrologia para tentar me compreender.
Que sou muito impulsiva e preciso aprender a ter mais paciência, analisar a situação, antes de tomar decisões.
Hoje lhe trago rosas para expressar o meu amor e gratidão.
Sei que você deseja o melhor para mim, só não consegue entrar no meu mundo tão estranho e diferente para você.
Torna-se urgente que nos conheçamos.
Mais importante, que possamos expressar nosso amor.
Quero enxergar melhor suas inúmeras qualidades.
Eu te amo.
Quero perder o medo e conhecê-la.
Conhecer o seu interior, suas sensações e seus anseios.
Quero aprender comvocê.
Finalmente, gostaria que nossos mundos ficassem mais próximos.
Com amor.
Sua filha.
Meu pai
O que dizer de alguém que você sempre amou e se sentiu correspondida.
Que mesmo depois de sua morte, sente sua presença afetuosa, calma, generosa e companheira.
Ele é tão presente que não sinto saudades.
Fecho os olhos, sinto sua mão protetora e vejo seus lindos olhos azuis.
Converso com ele em meus pensamentos.
Quando vou dizer algo penso " papai está certo dizer assim?" e ouço sua resposta.
Ontem foi seu aniversário e cantei "parabéns prá você" para ele.
Gostaria de lhe dar uma camisa vermelha de presente, que pudesse remoça-lo, para que ficasse muito bonito e minhas amigas dissessem: "Como seu pai é belo".
Sim, eu sei o que é ter um pai.
Não me sinto só.
tenho meu pai para me fazer companhia. Tenho sua presença e seu amor eterno.
Sou eternamente grata a ele.
Que mesmo depois de sua morte, sente sua presença afetuosa, calma, generosa e companheira.
Ele é tão presente que não sinto saudades.
Fecho os olhos, sinto sua mão protetora e vejo seus lindos olhos azuis.
Converso com ele em meus pensamentos.
Quando vou dizer algo penso " papai está certo dizer assim?" e ouço sua resposta.
Ontem foi seu aniversário e cantei "parabéns prá você" para ele.
Gostaria de lhe dar uma camisa vermelha de presente, que pudesse remoça-lo, para que ficasse muito bonito e minhas amigas dissessem: "Como seu pai é belo".
Sim, eu sei o que é ter um pai.
Não me sinto só.
tenho meu pai para me fazer companhia. Tenho sua presença e seu amor eterno.
Sou eternamente grata a ele.
Evocação Poética
Pequenas danças escritas, onde comunico estados de ânimo, nuances dinâmicas fluentes, dramáticas ou concretas, alegres, fantásticas ou delirantes.
Meus sentimentos em relação ao mundo externo e interno.
Relações. Movimentos cotidianos, sociais, culturais, políticos e emocionais. Soltura da repressões. Amor ao movimento, a liberdade.
Expressão. Sentimento. fluidez.
Textos que pressionem, flutuem, torçam, sacudam, deslizem, chicoteim, tremam, batam.
Surtos de entendimento, sinceridade e coragem.
Impactos. Delírios insones.
Quebra dos gestos padronizados, alienados, mecânicos, rígidos, estreitos, covardes, iguais, repetitivos, cinzentos, sem rítmo, medrosos, invejosos, maléficos, ciumentos e doentios.
Cruéis. Violentos. Furiosos. Raivosos.
Percepção do espaço: o espaço e eu somos escultores-dançarinos-escritores.
O espaço envolve-me, acaricia me. Amo o espaço, sinto sua textura.
Sinto-me presente. Percebo a presença do outro.
Sou líder e liderada.
Humilde vou aprendendo a me relacionar comigo mesma e com o outro.
Dança Coral.
Dança Inclusiva.
Inclusão. Negros. Belos. Sensuais. Rítmicos. Cinéticos. Negróides.
Brancos com alma negra.
Samba.Sinto o samba. Sambo como posso. Como branca. Mestiça. Parda.
Sou. Soul.
Aqui e agora.
Isso é unidade.
Dança Expressiva.
Festa, poesia e descoberta.
Alteridade.
Meus sentimentos em relação ao mundo externo e interno.
Relações. Movimentos cotidianos, sociais, culturais, políticos e emocionais. Soltura da repressões. Amor ao movimento, a liberdade.
Expressão. Sentimento. fluidez.
Textos que pressionem, flutuem, torçam, sacudam, deslizem, chicoteim, tremam, batam.
Surtos de entendimento, sinceridade e coragem.
Impactos. Delírios insones.
Quebra dos gestos padronizados, alienados, mecânicos, rígidos, estreitos, covardes, iguais, repetitivos, cinzentos, sem rítmo, medrosos, invejosos, maléficos, ciumentos e doentios.
Cruéis. Violentos. Furiosos. Raivosos.
Percepção do espaço: o espaço e eu somos escultores-dançarinos-escritores.
O espaço envolve-me, acaricia me. Amo o espaço, sinto sua textura.
Sinto-me presente. Percebo a presença do outro.
Sou líder e liderada.
Humilde vou aprendendo a me relacionar comigo mesma e com o outro.
Dança Coral.
Dança Inclusiva.
Inclusão. Negros. Belos. Sensuais. Rítmicos. Cinéticos. Negróides.
Brancos com alma negra.
Samba.Sinto o samba. Sambo como posso. Como branca. Mestiça. Parda.
Sou. Soul.
Aqui e agora.
Isso é unidade.
Dança Expressiva.
Festa, poesia e descoberta.
Alteridade.
Bailarina ou Dançarina?
Sem querer me aprofundar teóricamente nessa questão, posso afirmar que quando a dança contemporânea surgiu, criada por Rudolf Laban, Isadora Duncan, entre outros, dois fatos foram marcantes: as sapatilhas, para se ficar nas pontas dos pés, e a saia de tule, foram abolidas. Em seu lugar ficaram os pés descalços e variados figurinos. Com isso desejava-se evidenciar que a nova dança respeitava a constituição corporal, utilizando-se das novas descobertas da biologia e fisiologia humana. As sapatilhas eram consideradas nocivas a saúde gerando problemas de articulações. Respeitava, procurava conhecer e aprofundar-se no conhecimento das emoções, da mente, do inconsciente, baseado na nova ciência, a saber a psicanálise, criada por Freud, seguida por tantos outros: Jung, Lacan, etc. E os avanços eletrônicos, a fotografia, o vídeo, cinema, tv e atualmente a internet.
Na dança clássica ou ballet, daí a palavra bailarina, da época ( hoje as coisas mudaram muito ), o coreógrafo queria mostrar um ser humano, acima da terra, das coisas cotidianas, um semideus e valores supremos ou românticos. Na dança contemporânea e moderna ( não vou me estender, elucidando as diferenças das duas, por hora basta saber que ambas se opunham aos conceitos da dança clássica e que representavam um rompimento com ela ), o coreógrafo queria e ainda quer mostrar o homem ligado a terra, seus conflitos emocionais e suas questões cotidianas, sociológicas e políticas. Nesse sentido posso dizer que essas danças eram opostas. Curiosamente, nos anos seguintes, os coreógrafos retomaram a técnica da dança clássica, sem retomar as sapatilhas, a saia de tule e tão pouco os valores morais da dança clássica. Apenas a técnica.
Para o bem da verdade é preciso dizer que a dança clássica, atualmente, também assimilou as mudanças de pensamento do mundo moderno e sofreu grandes transformações, tanto na forma como no conteúdo de suas criações coreográficas. Pessoalmente tive aulas de dança clássica na infãncia, curso escolhido pela minha mãe. Na adolescência, quando conheci Maria Duschenes, que era um pouco preocupada com a técnica da dança clássica, preferi a capoeira, o Karatê, o Tai Chi Chuan, a técnica de Martha Graham, , a dança africana, a yoga, além da técnica corporal labanista para o desenvolvimento da minha técnica de dança.
Por isso fica a questão: dançarina ou bailarina?
Todo esse discurso seria desnecessário se não houvesse o desentendimento cultural brasileiro sobre a palavra dançarina. Desde jovem pude observar que a palavra dançarina é interpretada como dançarina de cabaré, ou até mesmo prostituta.
O meu conflito é romatizar meu trabalho, chamando-me de bailarina ou prostituí-lo chamando-me de dançarina.
Sofro a angústia do escritor que sabe que as palavras são insuficientes para expressar todos os sentimentos e idéias. Muitos são inexprimíveis em palavras, outros nem a música, a dança ou qualquer outra arte consegue. E tampouco a religião.
Encontro-a dentro de mim, mas não posso comunicá-la.
Qual a solução?
Na dança clássica ou ballet, daí a palavra bailarina, da época ( hoje as coisas mudaram muito ), o coreógrafo queria mostrar um ser humano, acima da terra, das coisas cotidianas, um semideus e valores supremos ou românticos. Na dança contemporânea e moderna ( não vou me estender, elucidando as diferenças das duas, por hora basta saber que ambas se opunham aos conceitos da dança clássica e que representavam um rompimento com ela ), o coreógrafo queria e ainda quer mostrar o homem ligado a terra, seus conflitos emocionais e suas questões cotidianas, sociológicas e políticas. Nesse sentido posso dizer que essas danças eram opostas. Curiosamente, nos anos seguintes, os coreógrafos retomaram a técnica da dança clássica, sem retomar as sapatilhas, a saia de tule e tão pouco os valores morais da dança clássica. Apenas a técnica.
Para o bem da verdade é preciso dizer que a dança clássica, atualmente, também assimilou as mudanças de pensamento do mundo moderno e sofreu grandes transformações, tanto na forma como no conteúdo de suas criações coreográficas. Pessoalmente tive aulas de dança clássica na infãncia, curso escolhido pela minha mãe. Na adolescência, quando conheci Maria Duschenes, que era um pouco preocupada com a técnica da dança clássica, preferi a capoeira, o Karatê, o Tai Chi Chuan, a técnica de Martha Graham, , a dança africana, a yoga, além da técnica corporal labanista para o desenvolvimento da minha técnica de dança.
Por isso fica a questão: dançarina ou bailarina?
Todo esse discurso seria desnecessário se não houvesse o desentendimento cultural brasileiro sobre a palavra dançarina. Desde jovem pude observar que a palavra dançarina é interpretada como dançarina de cabaré, ou até mesmo prostituta.
O meu conflito é romatizar meu trabalho, chamando-me de bailarina ou prostituí-lo chamando-me de dançarina.
Sofro a angústia do escritor que sabe que as palavras são insuficientes para expressar todos os sentimentos e idéias. Muitos são inexprimíveis em palavras, outros nem a música, a dança ou qualquer outra arte consegue. E tampouco a religião.
Encontro-a dentro de mim, mas não posso comunicá-la.
Qual a solução?
Dança Teatro
A Dança Contemporânea se aproximou do teatro. Pina Bauch é a coreógrafa mais conhecida desse tipo de dança, mas é uma tendência atual.
Anos atrás fui convidada á fazer o papel principal da peça infantil "Super Etc... contra a Seita do Dragão Vermelho". Aceitei de imediato, consciente de que meus estudos de Laban seriam suficientes para desempenhar essa função. Nunca tinha feito nenhum curso de teatro, mas já tinha dado aulas de expressão corporal para atores. Achei fácil interpretar. Também tinha que dançar e cantar. O diretor era muito bom e o processo foi muito bem sucedido. A peça foi um sucesso de crítica e bilheteria. Ganhou os premios de melhor direção e melhor cenografia. Ganhei o premio mambembe de revelação de atriz. Aí ficou confirmada minha convicção que o método Laban prepara o indivídui para a dança e o teatro, entre outras atividades. Meu livro "Arte do Movimento" - As descobertas de Rudolf Laban na dança e ação humana, é referência para trabalhos nas áreas de: psicologia, psicanálise, música, teatro, pedagogia, educação-física, vídeo, fonoaudiologia, dança educativa, dança coral e dança teatro, entre outras.
Anos atrás fui convidada á fazer o papel principal da peça infantil "Super Etc... contra a Seita do Dragão Vermelho". Aceitei de imediato, consciente de que meus estudos de Laban seriam suficientes para desempenhar essa função. Nunca tinha feito nenhum curso de teatro, mas já tinha dado aulas de expressão corporal para atores. Achei fácil interpretar. Também tinha que dançar e cantar. O diretor era muito bom e o processo foi muito bem sucedido. A peça foi um sucesso de crítica e bilheteria. Ganhou os premios de melhor direção e melhor cenografia. Ganhei o premio mambembe de revelação de atriz. Aí ficou confirmada minha convicção que o método Laban prepara o indivídui para a dança e o teatro, entre outras atividades. Meu livro "Arte do Movimento" - As descobertas de Rudolf Laban na dança e ação humana, é referência para trabalhos nas áreas de: psicologia, psicanálise, música, teatro, pedagogia, educação-física, vídeo, fonoaudiologia, dança educativa, dança coral e dança teatro, entre outras.
Deficiência Física
Além de bailarina ou dançarina, também sou atriz, coreógrafa e professora de Dança Contemporânea Expressiva pelo Método Laban, Últimamente tenho me dedicado como coreógrafa e dançarina voluntária na difusão da cultura da Paz, cuja figura principal é Prem Rawat, meu mestre de Autoconhecimento e paz interior.
Também sou deficiênte física.
Aos 30 anos, com uma carreira de atyista bastante promissora, voltando de Paraty para uma entrevista na TV Cultura, sofri um grave acidente de carro.
Estava no banco de trás com Takaoka e meu filho caçula de dois anos.
Rolamos montanha abaixo, perto de Caraguá, na curva da morte.
Ninguém se machucou, por milagre.
Só eu.
Além de muitos cortes e ossos quebrados, quebrei severamente a coluna e fiquei impossibilitada de andar por um ano. Aos poucos fui recomeçando a andar, mas fiquei com o "pé caído" como sequela permanente.
Maria Duschenes, minha professora de Laban e introdutora de seu método no Brasil é deficiênte física também.
Aprendi dança de seu jeito, através de suas palavras e de seus movimentos.
Sabia que continuaria com a dança de algum modo.
Certo dia ela chegou em casa, para visitar-me. Disse-me que me espelhasse nela e entendesse que tinha muito a contribuir com a dança no Brasil.
Foi uma visita inesquecível!
Assim sendo eu a obedeci. Escrevi o livro "Arte do Movimento", coreografei danças corais e até dancei. Do meu jeito. Expressivo e teatral. Por isso é que digo que a dança é uma expressão que vem da alma e comunica-se com os corações das pessoas.
Onde há vida, há movimento.
Danço!
Também sou deficiênte física.
Aos 30 anos, com uma carreira de atyista bastante promissora, voltando de Paraty para uma entrevista na TV Cultura, sofri um grave acidente de carro.
Estava no banco de trás com Takaoka e meu filho caçula de dois anos.
Rolamos montanha abaixo, perto de Caraguá, na curva da morte.
Ninguém se machucou, por milagre.
Só eu.
Além de muitos cortes e ossos quebrados, quebrei severamente a coluna e fiquei impossibilitada de andar por um ano. Aos poucos fui recomeçando a andar, mas fiquei com o "pé caído" como sequela permanente.
Maria Duschenes, minha professora de Laban e introdutora de seu método no Brasil é deficiênte física também.
Aprendi dança de seu jeito, através de suas palavras e de seus movimentos.
Sabia que continuaria com a dança de algum modo.
Certo dia ela chegou em casa, para visitar-me. Disse-me que me espelhasse nela e entendesse que tinha muito a contribuir com a dança no Brasil.
Foi uma visita inesquecível!
Assim sendo eu a obedeci. Escrevi o livro "Arte do Movimento", coreografei danças corais e até dancei. Do meu jeito. Expressivo e teatral. Por isso é que digo que a dança é uma expressão que vem da alma e comunica-se com os corações das pessoas.
Onde há vida, há movimento.
Danço!
20 de abril de 2012
Roteiro Sentimental
São Paulo - 62 em diante.
Morar na Cristiano Viana, em Pinheiros e estudar no Colégio Alves Cruz, na João Moura.
Rua Teodoro Sampaio ( como atravessá-la? ). Chegar na cidade grande, ser excluída pela pronúncia do R. Uma, no meio da multidão. Desejo de inclusão, desejo de ser vista, de não ser só mais uma.
Colégio de Aplicação da USP. Faço o clássico. Cinema Belas Artes, filmes de arte europeu, ou não... Bergman, Fellini, Godard, Buñuel...
Abaixo a família castradora, abaixo a burguesia, abaixo a ditadura!
Não tem faculdade de Dança.
E agora?
Escola de Dança da Maria Duschenes, perto da Igreja da Av. Dr. Arnaldo: Arte do Movimento, expressão, paixão, descoberta.
Amigos da USP - Arquitetura - Oswald de Andrade, Flávio Império e seus alunos.
Artistas. Os índios não foram extintos, nós sobrevivemos, índios que somos.
Danço!
USP, TV Tupi, TV Cultura, Masp, Sescs, Fiesp, Sessi, Teatro Municipal, Teatro de Arena, Teatro TBC, Teatro Lira Paulistana... Danças nas praças, nas bibliotecas,. Dança Coral: perceber-se como indivíduo no meio da multidão.
Vila Madalena - Cultura Japonesa, pintura, sumiê, música, roupa, quietude, meditação. Takaoka.
Negritude, Capoeira, Samba, Gigante Brasil, Dança Inclusiva.
René Studer.
Prem Rawat e a Paz Interior.
Jardim Paulista - reciclagem. Casa das Rosas, Av. Paulista, Augusta, Pamplona.
Onde viveu Guilherme de Almeida, num dado momento.
Morar na Cristiano Viana, em Pinheiros e estudar no Colégio Alves Cruz, na João Moura.
Rua Teodoro Sampaio ( como atravessá-la? ). Chegar na cidade grande, ser excluída pela pronúncia do R. Uma, no meio da multidão. Desejo de inclusão, desejo de ser vista, de não ser só mais uma.
Colégio de Aplicação da USP. Faço o clássico. Cinema Belas Artes, filmes de arte europeu, ou não... Bergman, Fellini, Godard, Buñuel...
Abaixo a família castradora, abaixo a burguesia, abaixo a ditadura!
Não tem faculdade de Dança.
E agora?
Escola de Dança da Maria Duschenes, perto da Igreja da Av. Dr. Arnaldo: Arte do Movimento, expressão, paixão, descoberta.
Amigos da USP - Arquitetura - Oswald de Andrade, Flávio Império e seus alunos.
Artistas. Os índios não foram extintos, nós sobrevivemos, índios que somos.
Danço!
USP, TV Tupi, TV Cultura, Masp, Sescs, Fiesp, Sessi, Teatro Municipal, Teatro de Arena, Teatro TBC, Teatro Lira Paulistana... Danças nas praças, nas bibliotecas,. Dança Coral: perceber-se como indivíduo no meio da multidão.
Vila Madalena - Cultura Japonesa, pintura, sumiê, música, roupa, quietude, meditação. Takaoka.
Negritude, Capoeira, Samba, Gigante Brasil, Dança Inclusiva.
René Studer.
Prem Rawat e a Paz Interior.
Jardim Paulista - reciclagem. Casa das Rosas, Av. Paulista, Augusta, Pamplona.
Onde viveu Guilherme de Almeida, num dado momento.
27th Connecticut College American Dance Festival
1974 - 23 anos.
Uau, Yes! vou para os Estates. Sozinha. Primeira vez que saio do Brasil.
No Colégio da Aplicação da USP, costumávamos dizer: Morte aos americanos imperialistas. Mas agora eu adorava a dança contemporânea americana.
Power and Flower, Nixon, Ho Chi Mim, guerra do vietnãn ( a primeira aser televisionada ), o avanço ativista dos negros, uso da maconha.
Maria Duschenes recomendou: cuidado! Não quiram ser o melhor aluno, não se cansem demais, não adoeçam.
Dança de manhã, de tarde. Cada noite um espetácula diferente, com grupos de todas as partes do mundo e de todas as partes dos EEUU.
Na primeira semana fiquei tão cansada, que depois de uma aula de Martha Graham, adormeci na banheira com a torneira aberta; banheiro e quarto ficaram inundados.
Tinha espetáculos ao ar livre também, como aquele ao redor do lago com 3 dançarinas girando sem parar por 50 minutos ao luar, como os Sufis. O público sentado no gramado.
As salas de dança eram enormes, com paredes de vidro, onde se via os enormes gramados verdes, com muitas árvores e esquilos correndo.
Depois dos espetáculos, os alunos de dança se juntavam aos outros de outros cursos, todos jovens, nas festas com álcool e maconha.
Na manhã seguinte estávamos todos no café, prontos para mais um dia de experiências.
As pessoas foram se juntando aos pares de namorados. Quanta liberdade! No Brasil, nunca tibha visto nada igual.
Uma noite, numa festa, depois de um espetáculo fabuloso, alguém bateu no meu ombro.
Virei-me e vi o dançarino, semideus, que tinha dançado a pouco.
Ele me disse, assim do nada: Você quer dormir comigo?
Fiquei parada, sem nenhuma reação, por um tempo indeterminado. Meu raciocínio sumiu.
Ele me olhou. Pelo jeito eu estava com cara de débil mental. Virou-se e se afastou.
Vi quando ele abordou outra garota de lindos cabelos loiros. Saíram abraçados. Com certeza foram para acama, pensei. da próxima vez, já sei o que fazer. Mas nunca mais aconteceu.
Quando deixei a faculdade, vi vários alunos saindo de perna engessada, com muletas.
Maria Duschenes sempre tinha razão.
Uau, Yes! vou para os Estates. Sozinha. Primeira vez que saio do Brasil.
No Colégio da Aplicação da USP, costumávamos dizer: Morte aos americanos imperialistas. Mas agora eu adorava a dança contemporânea americana.
Power and Flower, Nixon, Ho Chi Mim, guerra do vietnãn ( a primeira aser televisionada ), o avanço ativista dos negros, uso da maconha.
Maria Duschenes recomendou: cuidado! Não quiram ser o melhor aluno, não se cansem demais, não adoeçam.
Dança de manhã, de tarde. Cada noite um espetácula diferente, com grupos de todas as partes do mundo e de todas as partes dos EEUU.
Na primeira semana fiquei tão cansada, que depois de uma aula de Martha Graham, adormeci na banheira com a torneira aberta; banheiro e quarto ficaram inundados.
Tinha espetáculos ao ar livre também, como aquele ao redor do lago com 3 dançarinas girando sem parar por 50 minutos ao luar, como os Sufis. O público sentado no gramado.
As salas de dança eram enormes, com paredes de vidro, onde se via os enormes gramados verdes, com muitas árvores e esquilos correndo.
Depois dos espetáculos, os alunos de dança se juntavam aos outros de outros cursos, todos jovens, nas festas com álcool e maconha.
Na manhã seguinte estávamos todos no café, prontos para mais um dia de experiências.
As pessoas foram se juntando aos pares de namorados. Quanta liberdade! No Brasil, nunca tibha visto nada igual.
Uma noite, numa festa, depois de um espetáculo fabuloso, alguém bateu no meu ombro.
Virei-me e vi o dançarino, semideus, que tinha dançado a pouco.
Ele me disse, assim do nada: Você quer dormir comigo?
Fiquei parada, sem nenhuma reação, por um tempo indeterminado. Meu raciocínio sumiu.
Ele me olhou. Pelo jeito eu estava com cara de débil mental. Virou-se e se afastou.
Vi quando ele abordou outra garota de lindos cabelos loiros. Saíram abraçados. Com certeza foram para acama, pensei. da próxima vez, já sei o que fazer. Mas nunca mais aconteceu.
Quando deixei a faculdade, vi vários alunos saindo de perna engessada, com muletas.
Maria Duschenes sempre tinha razão.
19 de abril de 2012
Dança e Brasil
Eu dançava enquanto...
O Jânio renunciava.
A utopia de JK terminava.
O fogo queimava a UNE.
Castelo Branco se tornava presidente-ditador.
Via-se a tristeza dos militares no Brasil "Ame-o ou Deixe-o".
Costa e Silva.
O Decreto AI-5.
Médici.
Herzog pendurado numa corda.
Tortura.
Figueiredo fazendo ginástica.
Tancredo Neves morrendo na hora da posse.
Democracia com sarney, homem da ditadura.
Inflação - 80% ao mês.
Collor fazendo Cooper e confiscando a grana do País.
FHC, tentativa de racionalidade política.
Lula populista.
Dilma tentando desfazer as armadilhas que seu chefe deixou.
Danço pela Paz.
Mal não faz.
Pela minha Paz.
O Jânio renunciava.
A utopia de JK terminava.
O fogo queimava a UNE.
Castelo Branco se tornava presidente-ditador.
Via-se a tristeza dos militares no Brasil "Ame-o ou Deixe-o".
Costa e Silva.
O Decreto AI-5.
Médici.
Herzog pendurado numa corda.
Tortura.
Figueiredo fazendo ginástica.
Tancredo Neves morrendo na hora da posse.
Democracia com sarney, homem da ditadura.
Inflação - 80% ao mês.
Collor fazendo Cooper e confiscando a grana do País.
FHC, tentativa de racionalidade política.
Lula populista.
Dilma tentando desfazer as armadilhas que seu chefe deixou.
Danço pela Paz.
Mal não faz.
Pela minha Paz.
É preciso errar
Maria Bardelli era uma mulher de 80 anos com cabeça de 20.
Costumava reunir em sua casa, pessoas interessadas no Conhecimento, jovens em geral, para troca de experiências. Dizia: você precisa fazer coisas novas, arriscar-se, expor-se mais, não tenha medo de errar, saia da rotina.
Decidi que iria para os EEUU, sem dinheiro, para ver como ia me sair.
Saí da casa dela, com uma conhecida, quase amiga e fomos tomar um café num hotel, por perto.
Disse-lhe que pretendia viajar em breve, embora não tivesse dinheiro. Para minha surpresa, ela respondeu: a passagem você já tem, eu vou te dar de presente, quero ajudá-la porque você parece muito decidida, e eu gosto disso.
Arranjei 100 dólares emprestado e fui para Miami, sem destino certo.
Tinha o telefone de uma conhecida. Desci do aeroporto e fui para a praia. Entrei no mar de roupa e tudo. Sentia-me a pessoa mais livre do universo. Passado este momento de embriaguês, entrei em pânico. O que estou fazendo aqui com 100 dólares no bolso?
Provavelmente terei que voltar para o aeroporto e embarcar para o Brasil ainda hoje. Liguei para a conhecida e disse que pretendia visitá-la. Contei minha situação a ela. Não podia ser tímida, a situação não permitia. Ela foi direta. Meu marido não vai querer você aqui, mas, tenho um amigo que mora sozinho num hotel e está doente. Acho que ficará contente em recebê-la, se você cozinhar para ele.
Topei na hora. O amigo dela também.
A noite já tinha um lugar para morar, um trabalho cozinheira, outro de baby-siter encaminhado e uma
festa para ir. A festa foi fantástica.
Deus ajuda quem se arrisca a viver com intensidade.
Seis meses depois, terminado o meu visto, voltei com 100 dólares no bolso e muito feliz.
Costumava reunir em sua casa, pessoas interessadas no Conhecimento, jovens em geral, para troca de experiências. Dizia: você precisa fazer coisas novas, arriscar-se, expor-se mais, não tenha medo de errar, saia da rotina.
Decidi que iria para os EEUU, sem dinheiro, para ver como ia me sair.
Saí da casa dela, com uma conhecida, quase amiga e fomos tomar um café num hotel, por perto.
Disse-lhe que pretendia viajar em breve, embora não tivesse dinheiro. Para minha surpresa, ela respondeu: a passagem você já tem, eu vou te dar de presente, quero ajudá-la porque você parece muito decidida, e eu gosto disso.
Arranjei 100 dólares emprestado e fui para Miami, sem destino certo.
Tinha o telefone de uma conhecida. Desci do aeroporto e fui para a praia. Entrei no mar de roupa e tudo. Sentia-me a pessoa mais livre do universo. Passado este momento de embriaguês, entrei em pânico. O que estou fazendo aqui com 100 dólares no bolso?
Provavelmente terei que voltar para o aeroporto e embarcar para o Brasil ainda hoje. Liguei para a conhecida e disse que pretendia visitá-la. Contei minha situação a ela. Não podia ser tímida, a situação não permitia. Ela foi direta. Meu marido não vai querer você aqui, mas, tenho um amigo que mora sozinho num hotel e está doente. Acho que ficará contente em recebê-la, se você cozinhar para ele.
Topei na hora. O amigo dela também.
A noite já tinha um lugar para morar, um trabalho cozinheira, outro de baby-siter encaminhado e uma
festa para ir. A festa foi fantástica.
Deus ajuda quem se arrisca a viver com intensidade.
Seis meses depois, terminado o meu visto, voltei com 100 dólares no bolso e muito feliz.
Vale a pena falar da raiva?
A raiva é um sentimento humano que as vezes nos mostra lados desconhecidos de nós mesmos.
Certa vez, chegou um funcionário da Companhia de Energia dizendo que ia cortar minha luz por falta de pagamento. Argumentei que havia pagado e disse-lhe que iria buscar a conta para mostrar-lhe.
E fui. Ao voltar ele disse-me que havia cortado a luz.
Uma fúria assassina me cegou.
Olhei para ele sem ver um ser humano. Na minha frente estava o alvo da fúria.
Se tivesse um revólver naquele momento, teria descarregado-o na cabeça daquele sujeito odioso.
Quando me acalmei, pensei: Meu Deus se o tivesse matado naquele momento de profundo ódio, passaria anos na cadeia por isso.
Atualmente tenho ido ao Presídio Feminino Santana, semanalmente, para passar vídeos sobre "Educação para a Paz" de Prem Rawat na escola do Pavilhão III e na Cela Especial, numa parceria entre a FUNAP e a Associação de Apoio ao Conhecimento e Paz Interior. Depois fazemos uma roda para as expressões, comentários e perguntas das detentas. Prem Rawat desenvolve esse trabalho em muitos presídios em todo o mundo e as estatísticas provam a expressiva diminuição da reincidência entre os presos que participaram desse projeto.
Essas detentas que participam dos encontros, são seres humanos como eu e em alguns casos, pessoas que cometeram algum erro, em algum momento.
Seus depoimentos, depoi de ouvirem a mensagem de Paz e entrarem em contato com seus corações, são cheios de sabedoria e humildade.
É uma experiência motivadora, comovente e cheia de aprendizado.
Posso entende-las perfeitamente.
Não pretendo ter uma arma em casa jamais.
Certa vez, chegou um funcionário da Companhia de Energia dizendo que ia cortar minha luz por falta de pagamento. Argumentei que havia pagado e disse-lhe que iria buscar a conta para mostrar-lhe.
E fui. Ao voltar ele disse-me que havia cortado a luz.
Uma fúria assassina me cegou.
Olhei para ele sem ver um ser humano. Na minha frente estava o alvo da fúria.
Se tivesse um revólver naquele momento, teria descarregado-o na cabeça daquele sujeito odioso.
Quando me acalmei, pensei: Meu Deus se o tivesse matado naquele momento de profundo ódio, passaria anos na cadeia por isso.
Atualmente tenho ido ao Presídio Feminino Santana, semanalmente, para passar vídeos sobre "Educação para a Paz" de Prem Rawat na escola do Pavilhão III e na Cela Especial, numa parceria entre a FUNAP e a Associação de Apoio ao Conhecimento e Paz Interior. Depois fazemos uma roda para as expressões, comentários e perguntas das detentas. Prem Rawat desenvolve esse trabalho em muitos presídios em todo o mundo e as estatísticas provam a expressiva diminuição da reincidência entre os presos que participaram desse projeto.
Essas detentas que participam dos encontros, são seres humanos como eu e em alguns casos, pessoas que cometeram algum erro, em algum momento.
Seus depoimentos, depoi de ouvirem a mensagem de Paz e entrarem em contato com seus corações, são cheios de sabedoria e humildade.
É uma experiência motivadora, comovente e cheia de aprendizado.
Posso entende-las perfeitamente.
Não pretendo ter uma arma em casa jamais.
Professora dos infernos
Tinha 9 ou 10 anos e estava na terceira ou quarta série do primário, em Taquaritinga. Era a primeira ou segunda da classe. disputava o primeiro lugar com minha melhor amiga, a Parê.
Certo dia na aula de matemática, a professora, não me lembro de seu nome ou rosto, aproximou-se de um aluno, também não me lembro do rosto e nome e chamou-lhe a atenção.
Quando olhei para eles vi uma cena que jamais vou esquecer.
Ouvi um grito de dor e vi a professora erguendo o pobre menino pelos cabelos.
Quando ele voltou a sentar-se, ela tinha um punhado dos cabelos dele, nas suas malditas mãos.
Fiquei horrorizada e petrificada.. Como se não bastasse chamou o menino para alousa e fez-lhe um teste, sem aviso prévio. colocou na lousa algo como uma soma de digamos 374+208. Ele não conseguiu realizar a equação. Disse-lhe: Você é um burro. Vamos ver até onde você vai. Colocou uma subtração na lousa. 50-40. Ele não conseguiu. Ela então gritou: vamos ver o quanto você é burro. Perguntou-lhe:
Quanto é 2+2?
O menino visívelmente em estado de choque não pode responder a pergunta.
Eu olhava tudo em silêncio, mas pensava com todas as minhas forças: tomara que ela morra. Eu odeio você. Era uma criança, mas percebi que o menino estava apavorado e não saberia responder nem qual era o seu nome.
Claro que a professora também estava fora de si. Mas isso eu não percebi. Percebi que o menino era pobre e sofria uma grande injustiça e humilhação descomunal. Foi a primeira vez que presenciava um ato de injustiça. Até hoje me pergunto as consequências deste acontecimento na vida daquele menino.
Terá continuado seus estudos? Para mim ficou evidente que o medo, não é a melhor pedagogia. Eu teria voado no pescoço daquela professora e estrangulado-a com minhas próprias mãos, se tivesse coragem. Mas não tive. Permaneci calada e chorei baixinho e escondido para ela não perceber.
Ficou um grito mudo de revolta e indignação preso na minha garganta. As vezes, a cena me volta á cabeça e me pego chorando de novo.
Por isso valorizo tanto a pedagogia do amor. Do elogio.
É difícil aprender pelo medo. mesmo se aprendemos algo, logo nos esquecemos. O medo nos embrutece. Encolhe-nos. Perdemos a alegria de aprender. O aprendizado torna-se árido. Difícil.
Quando aprendemos alguma coisa através do amor, o aprendizado é para sempre.
Nunca nos esquecemos nem do que aprendemos, nem de quem nos ensinou. Ficamos cheios de entusiasmo, determinados e disciplinados. Naturalmente e sem esforço excessivo. Tudo na medida e no tempo certo. O sentimento é de descoberta, gratidão e coragem.
Certo dia na aula de matemática, a professora, não me lembro de seu nome ou rosto, aproximou-se de um aluno, também não me lembro do rosto e nome e chamou-lhe a atenção.
Quando olhei para eles vi uma cena que jamais vou esquecer.
Ouvi um grito de dor e vi a professora erguendo o pobre menino pelos cabelos.
Quando ele voltou a sentar-se, ela tinha um punhado dos cabelos dele, nas suas malditas mãos.
Fiquei horrorizada e petrificada.. Como se não bastasse chamou o menino para alousa e fez-lhe um teste, sem aviso prévio. colocou na lousa algo como uma soma de digamos 374+208. Ele não conseguiu realizar a equação. Disse-lhe: Você é um burro. Vamos ver até onde você vai. Colocou uma subtração na lousa. 50-40. Ele não conseguiu. Ela então gritou: vamos ver o quanto você é burro. Perguntou-lhe:
Quanto é 2+2?
O menino visívelmente em estado de choque não pode responder a pergunta.
Eu olhava tudo em silêncio, mas pensava com todas as minhas forças: tomara que ela morra. Eu odeio você. Era uma criança, mas percebi que o menino estava apavorado e não saberia responder nem qual era o seu nome.
Claro que a professora também estava fora de si. Mas isso eu não percebi. Percebi que o menino era pobre e sofria uma grande injustiça e humilhação descomunal. Foi a primeira vez que presenciava um ato de injustiça. Até hoje me pergunto as consequências deste acontecimento na vida daquele menino.
Terá continuado seus estudos? Para mim ficou evidente que o medo, não é a melhor pedagogia. Eu teria voado no pescoço daquela professora e estrangulado-a com minhas próprias mãos, se tivesse coragem. Mas não tive. Permaneci calada e chorei baixinho e escondido para ela não perceber.
Ficou um grito mudo de revolta e indignação preso na minha garganta. As vezes, a cena me volta á cabeça e me pego chorando de novo.
Por isso valorizo tanto a pedagogia do amor. Do elogio.
É difícil aprender pelo medo. mesmo se aprendemos algo, logo nos esquecemos. O medo nos embrutece. Encolhe-nos. Perdemos a alegria de aprender. O aprendizado torna-se árido. Difícil.
Quando aprendemos alguma coisa através do amor, o aprendizado é para sempre.
Nunca nos esquecemos nem do que aprendemos, nem de quem nos ensinou. Ficamos cheios de entusiasmo, determinados e disciplinados. Naturalmente e sem esforço excessivo. Tudo na medida e no tempo certo. O sentimento é de descoberta, gratidão e coragem.
Centro Laban de Dança e Arte do Movimento do Brasil
O Centro Laban foi fundado por nós, alunas de Maria Duschenes, sendo ela membro fundador e honorário.
Fundado em 1987, reuniu especialistas do movimento, que atuavam e ainda atuam nas áreas de educação, coreografia, terapia e teatro.
Tem como objetivo divulgar e promover a teoria e as reflexões da Laban; formar profissionais deste conhecimento; realizar e promover performances, coreografias, danças corais, espetáculos e aulas públicas; estimular a formação de grupos de estudos, debates e pesquisas, simpósios e encontros; introduzir a Arte do Movimento e a Dança Educativa no curriculum escolar, promover a integração da Arte do Movimento com outras artes; promover o intercâmbio com entidades e pessoas que apliquem o Método e Teoria de Laban no Brasil; junto a entidades internacionais.
Em 1998 assumi a presidência do Centro. Nesse período desenvolvia algumas atividades na sala de meu apartamento. Éramos um grupo de alunos formados em Laban, na maioria por mim, professores de música, artes plásticas, atores e psicólogos. Alguns alunos eram de baixa renda e tinham bolsa de estudo. Desenvolvíamos o conceito da Dança Inclusiva. Tivemos o apoio do Governo do Estado de São Paulo - Departamento de Formação Cultural. Tinha pessoas de diferentes formações, renda, cultura e idade. Tínhamos a dança Laban e a construção de um espetáculo " A Linguagem dos Pássaros " em comum. Os alunos negros enriqueceram nossos estudos da dança e cultura brasileira, trazendo a dança africana, o samba, a culinária, a linguagem e a capoeira para nossa sala de aula. Além das aulas e ensaios nos reuníamos para troca de experiências, com almoças e bate papos. Fazíamos encontros com acompanhamento de uma psicóloga, que melhorava nosso relacionamento, as vezes difícil, pelas diferenças de experiências e linguagens. Registrávamos tudo com uma câmera de vídeo e máquina fotográfica. O grupo permaneceu junto por dez anos e apresentou o espetáculo "A Linguagem dos Pássaros" em diversos lugares como O teatro da FAAP e no Parque da Água Branca. A experiência de vida e visão da cultura brasileira, para mim e acredito para todo o grupo, foi riquíssima. Aprendemos principalmente a arte da convivência e a ética na relação de grupo. A diversidade das pessoas enriqueceu o nosso vacabulário de movimentos. O Centro está sem sede desde que me separei do meu quarto marido e fui morar com minha mãe, depois da morte de meu querido pai. Não há, no momento, um espaço físico para abrigá-lo. Hoje em dia fazemos ensaios e encontros ao ar livre, em parques e espaços públicos.
" Quando a minha mestra da Arte do Movimento e da Paz me solicitou um texto, sobre as minhas impressões de minha paragem junto ao Centro Laban, de imediato, atiço a memória, e nela encontro, um recorte relevante ao meu progresso criativo, psíquico, ético e pessoal. Vale, portanto, recordar a imensidão neste ambiente cultural.
Em seu aconchegante apartamento na Vila Madalena na cidade de São Paulo - Sede do Centro Laban por muitos anos e com a responsabilidade de professora e artista junto a sua Comunidade, ao seu Estado, ao seu País, a dedicação de Solange Arruda surpreende, pois não é comum numa metrópole, tal postura.
Lá neste lugar de grandes experimentações múltiplas, onde a ordem era respirar arte e embarcar na maior das viagens, a da busca pelo conhecimento.
E no infinito de tantas sensações, o nosso Grupo Laban formado por jovens de todas as etnias, de todas as classes sociais, de todas as habilidades pessoais e de todos os lugares do mundo, encontrávamos apoio total, de nossa mestra Sol Arruda, a sus transmissão primeira baseava-se no sensível.
Admito que fiquei impressionada pela espécie de SABERES que naquele lugar singular, o Centro Laban, se abriam, co as chaves da plenitude. Ouso dizer que ali habitat o "sagrado".
Suely Soarres
Vitória - ES
Fundado em 1987, reuniu especialistas do movimento, que atuavam e ainda atuam nas áreas de educação, coreografia, terapia e teatro.
Tem como objetivo divulgar e promover a teoria e as reflexões da Laban; formar profissionais deste conhecimento; realizar e promover performances, coreografias, danças corais, espetáculos e aulas públicas; estimular a formação de grupos de estudos, debates e pesquisas, simpósios e encontros; introduzir a Arte do Movimento e a Dança Educativa no curriculum escolar, promover a integração da Arte do Movimento com outras artes; promover o intercâmbio com entidades e pessoas que apliquem o Método e Teoria de Laban no Brasil; junto a entidades internacionais.
Em 1998 assumi a presidência do Centro. Nesse período desenvolvia algumas atividades na sala de meu apartamento. Éramos um grupo de alunos formados em Laban, na maioria por mim, professores de música, artes plásticas, atores e psicólogos. Alguns alunos eram de baixa renda e tinham bolsa de estudo. Desenvolvíamos o conceito da Dança Inclusiva. Tivemos o apoio do Governo do Estado de São Paulo - Departamento de Formação Cultural. Tinha pessoas de diferentes formações, renda, cultura e idade. Tínhamos a dança Laban e a construção de um espetáculo " A Linguagem dos Pássaros " em comum. Os alunos negros enriqueceram nossos estudos da dança e cultura brasileira, trazendo a dança africana, o samba, a culinária, a linguagem e a capoeira para nossa sala de aula. Além das aulas e ensaios nos reuníamos para troca de experiências, com almoças e bate papos. Fazíamos encontros com acompanhamento de uma psicóloga, que melhorava nosso relacionamento, as vezes difícil, pelas diferenças de experiências e linguagens. Registrávamos tudo com uma câmera de vídeo e máquina fotográfica. O grupo permaneceu junto por dez anos e apresentou o espetáculo "A Linguagem dos Pássaros" em diversos lugares como O teatro da FAAP e no Parque da Água Branca. A experiência de vida e visão da cultura brasileira, para mim e acredito para todo o grupo, foi riquíssima. Aprendemos principalmente a arte da convivência e a ética na relação de grupo. A diversidade das pessoas enriqueceu o nosso vacabulário de movimentos. O Centro está sem sede desde que me separei do meu quarto marido e fui morar com minha mãe, depois da morte de meu querido pai. Não há, no momento, um espaço físico para abrigá-lo. Hoje em dia fazemos ensaios e encontros ao ar livre, em parques e espaços públicos.
" Quando a minha mestra da Arte do Movimento e da Paz me solicitou um texto, sobre as minhas impressões de minha paragem junto ao Centro Laban, de imediato, atiço a memória, e nela encontro, um recorte relevante ao meu progresso criativo, psíquico, ético e pessoal. Vale, portanto, recordar a imensidão neste ambiente cultural.
Em seu aconchegante apartamento na Vila Madalena na cidade de São Paulo - Sede do Centro Laban por muitos anos e com a responsabilidade de professora e artista junto a sua Comunidade, ao seu Estado, ao seu País, a dedicação de Solange Arruda surpreende, pois não é comum numa metrópole, tal postura.
Lá neste lugar de grandes experimentações múltiplas, onde a ordem era respirar arte e embarcar na maior das viagens, a da busca pelo conhecimento.
E no infinito de tantas sensações, o nosso Grupo Laban formado por jovens de todas as etnias, de todas as classes sociais, de todas as habilidades pessoais e de todos os lugares do mundo, encontrávamos apoio total, de nossa mestra Sol Arruda, a sus transmissão primeira baseava-se no sensível.
Admito que fiquei impressionada pela espécie de SABERES que naquele lugar singular, o Centro Laban, se abriam, co as chaves da plenitude. Ouso dizer que ali habitat o "sagrado".
Suely Soarres
Vitória - ES
18 de abril de 2012
Reconstrução
Quando pequena já tinha uns apagões de memória. Lembro-me de uma vez estar no meio da rua, com uns 9 anos, em Taquaritinga e pensar: O que estou fazendo aqui? Voltar para casa e minha mãe me perguntar: Trouxe os tomates? Aí sair correndo para comprá-los. Por isso minha estória é feita de fragmentos de memória. Lembro-me de alguns fatos. Aí vão eles:
Casei-me aos 16 anos. Meu marido tinha 19. Éramos colegiais. Fiquei grávida na minha primeira relação, aos 15 anos. Por dois meses escondi a gravidez de todos. Sentia muito medo. Ao mesmo tempo uma total determinação de ter o bebê. Meu marido, namorado, naquele momento, me apoiou. Nós nos amávamos. Não trabalhávamos. Vivíamos, como a maioria dos adolescentes de classe média, de mesada. Um dia, meu namorado e eu decidimos conversar com meus pais. Ele pediu minha mão em casamento. Meus pais ficaram muito contentes, porque ele era um bom rapaz. Meu pai disse: Ótimo, se vocês se amam, podem se casar, daqui a alguns anos. Meu namorado respondeu: Temos que nos casar imediatamente. Aí o clima mudou, ficou tenso. Enfim contamos que eu estava grávida de dois meses. Meus pais ficaram chocados. Como estávamos determinados a nos casarmos, tudo foi arranjado e nos casamos o mais breve possível. Fomos morar com os pais do meu marido. Ele parou de estudar e começou a trabalhar como fotógrafo numa revista. Eu continuei os estudos por mais um ano. Não foi fácil adaptar-me naquela nova família. Lembro-me que não tínhamos o dinheiro para os gastos com o parto. Nasceu minha filha. Tudo era muito complicado e difícil para nós. Aos poucos as coisas foram ficando um pouco mais confortáveis. Meu marido começou a trabalhar em publicidade e ganhar melhor e eu fui estudar dança, como era meu sonho. Minha professora era Maria Duschenes. A primeira escola que minha filha frequentou foi a Quá-Quá. Era uma escola muito considerada, onde os intelectuais punham seus filhos. Mesmo assim, eu queria conhecer de perto a escola e comecei a dar aulas de expressão corporal nela. Minha filha estudou, se minha memória não estiver falhando, dos 3 aos 5 anos lá. Depois eu tive uma discussão com a diretora, saí e tirei minha filha. Quando ela tinha 2 anos, engravidei de novo, desta vez, por que decidimos ter outro filho. Aos 20 anos tinha uma filha de 3 anos e um bebê-menino. Conto a estória, não se esqueçam, como me lembro. Pode ter acontecido de forma diferente. Escolhi a escola Juca Peralta, para dar aulas de dança educativa. Dava aulas para todas as classes. E coloquei meus filhos para estudarem lá. Minha filha com 5 e meu filho com2. Ao mesmo tempo eles estudavam dança numa escola de Laban para crianças. Tinham bolsa de estudo. Depois foram para a escola Vera Cruz, onde estudavam os filhos do Herzog. Ambos fizeram o primário e ginásio lá. Meu filho fez o curso de teatro com o grupo do Naum, Pode Minoga. E no Vera começou a estudar cinema com Cao Hamburer. Bem, quando minha filha completou 5 anos e meu filho 2, eu e meu marido nos divorciamos. Agora, tinha 23 anos, dois filhos, era divorciada e ganhava pouco como professora. Meus filhos ficaram morando comigo. Meu ex-marido me dava uma pensão e meus pais também ajudavam. Foi uma fase muito tumultuada que durou uns 5 anos. Casei-me novamente e tive meu terceiro filho. Uma filha de 10, um filho do meio de 7 e um bebê. Morávamos todos juntos. 2 anos depois me separei do segundo marido. Divorciada pela segunda vez, com 3 filhos e ganhando pouco como professora e dançarina. Aí vem o apagão de memória. Não me lembro quando me separei dos meus filhos. Se foi quando me separei pela segunda vez ou se quando no ano seguinte, quando sofri o grava acidente de carro, onde quebrei a coluna, fiquei um ano sem andar e com uma sequela permanente. Pé caído. Minha filha foi morar com meus pais. Meu filho do meio com os avós paternos e meu filho caçula morava um pouco com o pai e outro tanto comigo e meu terceiro marido. Lembrei-me: Quando me separei pela segunda vez, coloquei 1 quarto para alugar e ajudar com as despesas. Meus 2 filhos mais velhos dormiam juntos e o caçula foi morar com o pai. No ano seguinte sofri o acidente e meus filhos foram morar com os avós, como já contei. Tinha 29 anos, uma filha de 12, um filhpo de 9 e outro de 2, que estava comigo no acidente, mas felizmente não se machucou. Ele, o caçula, estudou na Escola da Vila e depois numa escola pública. Depois de um ano, recomecei a andar, mas não reconquistei o convívio com meus dois filhos mais velhos. Ficou subentendido que estariam melhor com os avós. Eu fazia aulas de Tai-Chi-Chuan, o dia inteiro, na tentativa de recuperar meus movimentos. com o estímulo de Maria Duschenes, voltei a dançar. Aluguei 3 quartos, a casa era grande e passei a morar com meu namorado, futuro terceiro marido. A garagem já tinha sido transformada pelo segundo marido numa sala de dança, que eu chamava de escola Isadora Duncan. Em 82 recebi o Conhecimento de Prem Rawat. Comecei a me dedicar muito a Cultura da Paz e a dança. Em 87, meu filho caçula veio morar comigo e voltou a morar como pai em 95, quando me separei do terceiro marido. Em 89 ou 90, meus filhos mais velhos foram morar juntos, num apartamento alugado. Depois se separaram e cada um foi morar sozinho. Atualmente os 3 são casados. Tenho 4 netos, até agora. Minha relação com meus filhos foi truncada muitas vezes e faço um grande esforço para recuperá-la, embora entenda que o que passou, os momentos que não estive com eles, as passagens que perdi, não podem ser recuperadas. Posso imaginar como minha ausência marcou suas vidas, pois sei como os acontecimentos da infância influenciam na formação do ser adulto. Sei também que não posso refazer o passado. Espero que meu amor seja tão grande que possa nos proporcionar dias felizes, no tempo presente. Sinto que sou amada pelos meus filhos, apesar de sentirem uma mágoa pelo abandono. Que esse amor correspondido supere todas as mágoas do passado. Temos que aproveitar o tempo e compensar o tempo perdido. Não temos tempo a perder. Vivamos o presente plenamente! O presente é o que temos. O passado não pode ser mexido. No presente podemos tudo. O futuro a deus pertence. Aqui e agora. Este é o momento para nos relacionarmos.
Filhos: EU AMO VOCÊS!!!
Casei-me aos 16 anos. Meu marido tinha 19. Éramos colegiais. Fiquei grávida na minha primeira relação, aos 15 anos. Por dois meses escondi a gravidez de todos. Sentia muito medo. Ao mesmo tempo uma total determinação de ter o bebê. Meu marido, namorado, naquele momento, me apoiou. Nós nos amávamos. Não trabalhávamos. Vivíamos, como a maioria dos adolescentes de classe média, de mesada. Um dia, meu namorado e eu decidimos conversar com meus pais. Ele pediu minha mão em casamento. Meus pais ficaram muito contentes, porque ele era um bom rapaz. Meu pai disse: Ótimo, se vocês se amam, podem se casar, daqui a alguns anos. Meu namorado respondeu: Temos que nos casar imediatamente. Aí o clima mudou, ficou tenso. Enfim contamos que eu estava grávida de dois meses. Meus pais ficaram chocados. Como estávamos determinados a nos casarmos, tudo foi arranjado e nos casamos o mais breve possível. Fomos morar com os pais do meu marido. Ele parou de estudar e começou a trabalhar como fotógrafo numa revista. Eu continuei os estudos por mais um ano. Não foi fácil adaptar-me naquela nova família. Lembro-me que não tínhamos o dinheiro para os gastos com o parto. Nasceu minha filha. Tudo era muito complicado e difícil para nós. Aos poucos as coisas foram ficando um pouco mais confortáveis. Meu marido começou a trabalhar em publicidade e ganhar melhor e eu fui estudar dança, como era meu sonho. Minha professora era Maria Duschenes. A primeira escola que minha filha frequentou foi a Quá-Quá. Era uma escola muito considerada, onde os intelectuais punham seus filhos. Mesmo assim, eu queria conhecer de perto a escola e comecei a dar aulas de expressão corporal nela. Minha filha estudou, se minha memória não estiver falhando, dos 3 aos 5 anos lá. Depois eu tive uma discussão com a diretora, saí e tirei minha filha. Quando ela tinha 2 anos, engravidei de novo, desta vez, por que decidimos ter outro filho. Aos 20 anos tinha uma filha de 3 anos e um bebê-menino. Conto a estória, não se esqueçam, como me lembro. Pode ter acontecido de forma diferente. Escolhi a escola Juca Peralta, para dar aulas de dança educativa. Dava aulas para todas as classes. E coloquei meus filhos para estudarem lá. Minha filha com 5 e meu filho com2. Ao mesmo tempo eles estudavam dança numa escola de Laban para crianças. Tinham bolsa de estudo. Depois foram para a escola Vera Cruz, onde estudavam os filhos do Herzog. Ambos fizeram o primário e ginásio lá. Meu filho fez o curso de teatro com o grupo do Naum, Pode Minoga. E no Vera começou a estudar cinema com Cao Hamburer. Bem, quando minha filha completou 5 anos e meu filho 2, eu e meu marido nos divorciamos. Agora, tinha 23 anos, dois filhos, era divorciada e ganhava pouco como professora. Meus filhos ficaram morando comigo. Meu ex-marido me dava uma pensão e meus pais também ajudavam. Foi uma fase muito tumultuada que durou uns 5 anos. Casei-me novamente e tive meu terceiro filho. Uma filha de 10, um filho do meio de 7 e um bebê. Morávamos todos juntos. 2 anos depois me separei do segundo marido. Divorciada pela segunda vez, com 3 filhos e ganhando pouco como professora e dançarina. Aí vem o apagão de memória. Não me lembro quando me separei dos meus filhos. Se foi quando me separei pela segunda vez ou se quando no ano seguinte, quando sofri o grava acidente de carro, onde quebrei a coluna, fiquei um ano sem andar e com uma sequela permanente. Pé caído. Minha filha foi morar com meus pais. Meu filho do meio com os avós paternos e meu filho caçula morava um pouco com o pai e outro tanto comigo e meu terceiro marido. Lembrei-me: Quando me separei pela segunda vez, coloquei 1 quarto para alugar e ajudar com as despesas. Meus 2 filhos mais velhos dormiam juntos e o caçula foi morar com o pai. No ano seguinte sofri o acidente e meus filhos foram morar com os avós, como já contei. Tinha 29 anos, uma filha de 12, um filhpo de 9 e outro de 2, que estava comigo no acidente, mas felizmente não se machucou. Ele, o caçula, estudou na Escola da Vila e depois numa escola pública. Depois de um ano, recomecei a andar, mas não reconquistei o convívio com meus dois filhos mais velhos. Ficou subentendido que estariam melhor com os avós. Eu fazia aulas de Tai-Chi-Chuan, o dia inteiro, na tentativa de recuperar meus movimentos. com o estímulo de Maria Duschenes, voltei a dançar. Aluguei 3 quartos, a casa era grande e passei a morar com meu namorado, futuro terceiro marido. A garagem já tinha sido transformada pelo segundo marido numa sala de dança, que eu chamava de escola Isadora Duncan. Em 82 recebi o Conhecimento de Prem Rawat. Comecei a me dedicar muito a Cultura da Paz e a dança. Em 87, meu filho caçula veio morar comigo e voltou a morar como pai em 95, quando me separei do terceiro marido. Em 89 ou 90, meus filhos mais velhos foram morar juntos, num apartamento alugado. Depois se separaram e cada um foi morar sozinho. Atualmente os 3 são casados. Tenho 4 netos, até agora. Minha relação com meus filhos foi truncada muitas vezes e faço um grande esforço para recuperá-la, embora entenda que o que passou, os momentos que não estive com eles, as passagens que perdi, não podem ser recuperadas. Posso imaginar como minha ausência marcou suas vidas, pois sei como os acontecimentos da infância influenciam na formação do ser adulto. Sei também que não posso refazer o passado. Espero que meu amor seja tão grande que possa nos proporcionar dias felizes, no tempo presente. Sinto que sou amada pelos meus filhos, apesar de sentirem uma mágoa pelo abandono. Que esse amor correspondido supere todas as mágoas do passado. Temos que aproveitar o tempo e compensar o tempo perdido. Não temos tempo a perder. Vivamos o presente plenamente! O presente é o que temos. O passado não pode ser mexido. No presente podemos tudo. O futuro a deus pertence. Aqui e agora. Este é o momento para nos relacionarmos.
Filhos: EU AMO VOCÊS!!!
Sono
Sem sono, lendo Henry Miller ha horas, tentando acompanhar suas enxurradas de palavras inebriantes, bocas cósmicas, gargalhantes, histéricas, fedorentas, aveludadas que mordem, sussurram, falam, vomitam escatológicamente, martelam, perfuram, assobiam, murcham e morrem de tédio e mesmo assim encontrar Deus entre os judeus, chineses, índios americanos extintos, búfalos extintos e no meio da terra, apesar da escuridão ver a luz do self. Nas ruas de Nova York, sujas, no meio do lixo encantar-se com uma folha de couve e ver nela a natureza e a beleza da vida. Exccluída, exilada, extra-terrestre, semi-deus, satanás, monstro, mas generosa, solidária, solitária, única, morrendo de rir e de dor, rindo muito, sem motivo, gargalhando, cuspindo, coçando, se torcendo feito uma enguia, criando asas e voando acima das cabeças de homens-formigas, homens-coelhos, homens-rãs, mulheres judias, chinesas, de outros mundos, de Marte, de Saturno, da lua, mulher-sol, mulher-boca, mulher-mineral,mulher-vegetal, lésbicas e bichas, eu e minha solidão,, chorando feito criança, sem par, única, livre como um pássaro, sem se importar com o medo ou a morte, com o ego morto, renascida numa vida de sonho, limpa, sem memória de dinheiro e trabalho, divertindo-se com as pérolas e conchas e estrelas, contando as estrelas e sentindo a pele, os ossos, olhando com olhos de recém nascida, tudo é novo, tudo é vivo, descobrindo, cheirando, fugindo do mundo do dinheiro e do trabalho, caindo na diversão, na alegria de estar viva, sem um tostão no bolso,sonhando acordada, Escrevendo 5.000 páginas por dia, 500.000 palavras por hora, não importa se sem sentido, como uma convulsão, compulsão, histeria, apenas para afastar a insônia. Palavras que consolem, façam companhia, aqueçam, embriaguem, amorteçam, abracem,escorram, torçam, empurrem, esvoacem, batam, soquem ou dancem ou chorem ou gritem ou gargalhem ou morram ou matem. Palavras que comovam, esclareçam, dêem esperança, sem se esquecer das bocas cósmicas. Verbo. Movimento. Vida. Criação. Arte. Perfume. O mal-cheiro do mundo para fincar o pé no chão e não sair voando sem direção, sem rumo, em direção contrária ao mundo, em direção a casa, ao aconchego do útero, dentro do self. Juntando pedaços soltos, fantasias, invenções, obsessões, sonhos, devaneios, delírios, desejos, frações de vida, lutando desesperadamente para dar sentido ao caos, perceber o padrão, a ordem. Sem se esquecer do nome, do néctar, do som e da luz. Sem se esquecer de viver cada segundo como se fosse o último, a última foda, a última gota, o último alento e depois dormir esonhar. Na borda do vácuo ver a Verdade. Viver uma realidade melhor que o sonho. Numa farra de bruxas loucas e no princípio era o Verbo, o movimento. As palavras se calam. Silêncio. Noite.
Sono.
Sono.
Sonho
A casa fica numa praia, areia e espuma brancas. Na sala principal dançam minha filha e meu filho mais velho. belo casal, dançando uma espécie de tango. Estão separados, mas, gesticulam, gritam e rodopiam. Entra um rapaz e me convida para dançar. dançamos a mesma dança. Estou em frente de minha filha, agora pequena, com uns cinco anos de idade. Ela me diz algo e eu retruco: Sou sua mãe. Para tê-la tive que ir contra tudo e todos. Estamos na praia. Ao longe vemos minha mãe caminhando de costas na direção oposta. Ela chega até nós e pergunta: Tudo bem? Dizemos juntas: Tudo bem.
De volta a casa. Estou andando abraçada com meu filho mais velho. Em seguida estou com o mais novo. Subimos escadas. Andamos abraçados. Eu te amo, ele me diz.
De volta a casa. Estou andando abraçada com meu filho mais velho. Em seguida estou com o mais novo. Subimos escadas. Andamos abraçados. Eu te amo, ele me diz.
Sonho
Saímos, eu e minha amiga, de um bar e entramos em outro. Demos uma olhada. Nada de interessante, ou melhor, ninguém interessante.
Decidimosir tentar outro lugar. Saindo, reparo em um homem ruivo, provavelmente um músico, com um violão no colo. aproximo-me dele e começamos a conversar, com muita facilidade, como se nos conhecêssemos. Digo-lhe que estou procurando um lugar para praticar minha dança. Pergunto-lhe se é músico. Ele diz que sim. Observo que ele não é muito bonito, mas muito comunicativo. Ele é ligeiramente calvo atrás. Ele diz que gostaria de tocar para eu dançar e sugere que estude minha dança neste lugar, em outro horário. Continuamos a conversar longamente.
Beijamo-nos.
Vamos para outra sala vazia e pegamos papéis do bar, para trocarmos endereços. Os papéis estavam com os endereços do bar e não dava para anotar nada. Pergunto-lhe se tem algum pedaço de papel. Ele retira da mochila um caderno. Abro-o e reparo que são exercícios de matemática. Leio no cabeçalho da página: Terceiro ano. Reconheço os exercícios, realmente são do Terceiro ginasial. Fico um pouco confusa e pergunto-lhe o que significa aqueles exeecícios e o Terceiro ginasial. Ele me diz que está no Terceiro ginasial. Levo um susto e pergunto-lhe quantos anos tem.
13, responde.
Olho novamente para ele e vejo um adolescente na minha frente.
Penso: Meu Deus, isso dá cadeia. Será que posso pedir autorizaçaõ para s mãe dele?
Decidimosir tentar outro lugar. Saindo, reparo em um homem ruivo, provavelmente um músico, com um violão no colo. aproximo-me dele e começamos a conversar, com muita facilidade, como se nos conhecêssemos. Digo-lhe que estou procurando um lugar para praticar minha dança. Pergunto-lhe se é músico. Ele diz que sim. Observo que ele não é muito bonito, mas muito comunicativo. Ele é ligeiramente calvo atrás. Ele diz que gostaria de tocar para eu dançar e sugere que estude minha dança neste lugar, em outro horário. Continuamos a conversar longamente.
Beijamo-nos.
Vamos para outra sala vazia e pegamos papéis do bar, para trocarmos endereços. Os papéis estavam com os endereços do bar e não dava para anotar nada. Pergunto-lhe se tem algum pedaço de papel. Ele retira da mochila um caderno. Abro-o e reparo que são exercícios de matemática. Leio no cabeçalho da página: Terceiro ano. Reconheço os exercícios, realmente são do Terceiro ginasial. Fico um pouco confusa e pergunto-lhe o que significa aqueles exeecícios e o Terceiro ginasial. Ele me diz que está no Terceiro ginasial. Levo um susto e pergunto-lhe quantos anos tem.
13, responde.
Olho novamente para ele e vejo um adolescente na minha frente.
Penso: Meu Deus, isso dá cadeia. Será que posso pedir autorizaçaõ para s mãe dele?
Sonho
Estava na cozinha de um hotel. Perguntei a cozinheira onde era o meu quarto. Minha irmã mais velha estava comigo. A comida ficou pronta, tinha um ótimo cheiro e aspecto. Minha irmã olhou a cozinheira sorrindo e pegou uma almôndega frita. Saímos. Eu disse:é, a comida é ótima, mas deve ser cara. Com o dinheiro de uma refeição dá para comprar comida para a semana. Pegamos o elevador e paramos no segundo andar. Olhei ao redor e verifiquei qual era o meu quarto. Ele estava aberto. Tinha uma mulher terminando a faxina. Ela saiu. Falei a minha irmã: " onde fica o armário?" Vi o armário e abri-o. Tinham dois cabides. Pensei: ainda bem que estou de roupa nova, ela vai durar bastante. Falei à minha irmã, tentando convencê-la: "sei que vai dar certo". Ela me olhou e não disse nada.
Estava sentada numa classe de escola, junto a muitos alunos. O professor estava sentado na frente ao lado da mesa. Ele me chamou. Sentei no seu lugar. Comecei a falar para a classe:"Olá. Boa tarde". Nas primeiras palavras, as pessoas começaram a levantar as mãos para as perguntas. Levantei-me e falei com voz forte e decidida: eu tive um sonho, que eu estava dando uma aula de dança, de Laban e as pessoas não me deixaram falar.
Nesse momento percebi que a classe ficou em silêncio. Continuei eufórica. Sei que terei um bom resultado. Não sei qual será esse resultado, nem sei qual resultado quero, mas sei que terei um bom resultado de meu trabalho, de meu esforço.
Estava sentada numa classe de escola, junto a muitos alunos. O professor estava sentado na frente ao lado da mesa. Ele me chamou. Sentei no seu lugar. Comecei a falar para a classe:"Olá. Boa tarde". Nas primeiras palavras, as pessoas começaram a levantar as mãos para as perguntas. Levantei-me e falei com voz forte e decidida: eu tive um sonho, que eu estava dando uma aula de dança, de Laban e as pessoas não me deixaram falar.
Nesse momento percebi que a classe ficou em silêncio. Continuei eufórica. Sei que terei um bom resultado. Não sei qual será esse resultado, nem sei qual resultado quero, mas sei que terei um bom resultado de meu trabalho, de meu esforço.
Sonho
Estava numa clínica. Meu ex-marido estava fazendo quimioterapia. O médico me explicou que ele não sentiria nada. perguntei se poderíamos ter relações. Ele disse que sim.Saí da clínica e observei que era um prédio enorme. Perguntei a uma pessoa que estava sentada na calçada: que prédio é esse? É o Hospital do Governo, sabe como é, respondeu. Ah!, por isso é tão suntuoso, pensei. Lembrei-me que havia esquecido alguma coisa lá dentro e voltei. Passei por um salão imenso. Os doentes estavam vestindo figurinos de dança e maquiados. Dançavam. Sai do salão e conversei com uma enfermeira.
Disse-lhe: O final é sempre infeliz. Doença e morte.
A não ser que você esteja num trilho de trem fazendo...
O quê? Perguntei
Xixi, respondeu
Disse-lhe: O final é sempre infeliz. Doença e morte.
A não ser que você esteja num trilho de trem fazendo...
O quê? Perguntei
Xixi, respondeu
Uma história em Nova Délhi
Estávamos, Takaoka e eu, cansados de caminhar sob o sol de Nova Délhi. Resolvemos nos deitar, um pouco, no gramado de um enorme parque. Fechei os olhos e respirei fundo. Estava enfeitiçada pela cidade e seus habitantes.
senti alguma coisa no meu ouvido. Virei a cabeça e vi um homem, agachado junto a mim. Ele estava enfiando uma espécie de arame no meu ouvido. Fiquei sem fala ou qualquer reação. Olhei para o meu companheiro deitado ao lado. Junto a ele estava outro homem parecido, fazendo a mesma coisa. Takaoka e eu nos olhamos admirados e imobilizados. Não falamos ou fizemos nada. Estávamos completamente hipnotizados pelos homens e pela situação insólita. Vi que retiravam grande quantidade de cera de nossos ouvidos. Senti uma sensação de limpeza e podia ouvir com mais clareza.
Finalmente eles terminaram o serviço.
Levantamo-nos. Os homens deram o preço pelo serviço não solicitado. Exatamente tudo o que tínhamos na bolsa.
Comentamos: Pelo menos estamos com os ouvidos limpos.
Seguimos nosso passeio pela capital da Índia.
Esta experiência nos pareceu natural, afinal, tudo era excepcional neste lugar longínquo.
senti alguma coisa no meu ouvido. Virei a cabeça e vi um homem, agachado junto a mim. Ele estava enfiando uma espécie de arame no meu ouvido. Fiquei sem fala ou qualquer reação. Olhei para o meu companheiro deitado ao lado. Junto a ele estava outro homem parecido, fazendo a mesma coisa. Takaoka e eu nos olhamos admirados e imobilizados. Não falamos ou fizemos nada. Estávamos completamente hipnotizados pelos homens e pela situação insólita. Vi que retiravam grande quantidade de cera de nossos ouvidos. Senti uma sensação de limpeza e podia ouvir com mais clareza.
Finalmente eles terminaram o serviço.
Levantamo-nos. Os homens deram o preço pelo serviço não solicitado. Exatamente tudo o que tínhamos na bolsa.
Comentamos: Pelo menos estamos com os ouvidos limpos.
Seguimos nosso passeio pela capital da Índia.
Esta experiência nos pareceu natural, afinal, tudo era excepcional neste lugar longínquo.
Outra estória em Nova Délhi
Fascinada pelos objetos, roupas, pinturas no rosto, vermelho entre os olhos, saia de algodão grosso bordado a mão, bolsa bordada com seda colorida.
Fui me transformando numa indiana.
No asharam, na hora do por do sol, tudo alaranjado, os pássaros aos milhares cruzaram o céu.
O Mestre falou a 200mil pessoas. Mil eram estrangeiras.
Os indianos estavam lá, sentados, quase imóveis, as vezes com criança sentada no ombro, também imóvel, desde manhã.
Os estrangeiros separados por uma corda, iam e vinham, sem parar, inquietos, compravam coca-cola, biscoitos, iam ao banheiro.
"Sinta a respiração, conheça-te a ti mesmo. Tudo o que você procura está dentro de você."
Todos absolutamente quietos, maravilhados.
A luz foi passando para o lusco-fusco e depois anoiteceu.
Terminado o satsang, todos começaram a ir embora.
Um mar de pessoas. Vi-me no meio dos indianos, sendo levada pelo mar de gente.
Tentei sair da multidão. Inútil.
Comecei a gritar e a tirar a maquiagem: não sou indiana, sou estrangeira, socorro!
Os seguranças conseguiram me retirar a salvo.
O mar seguia seu rítmo sem se abalar.
Fui me transformando numa indiana.
No asharam, na hora do por do sol, tudo alaranjado, os pássaros aos milhares cruzaram o céu.
O Mestre falou a 200mil pessoas. Mil eram estrangeiras.
Os indianos estavam lá, sentados, quase imóveis, as vezes com criança sentada no ombro, também imóvel, desde manhã.
Os estrangeiros separados por uma corda, iam e vinham, sem parar, inquietos, compravam coca-cola, biscoitos, iam ao banheiro.
"Sinta a respiração, conheça-te a ti mesmo. Tudo o que você procura está dentro de você."
Todos absolutamente quietos, maravilhados.
A luz foi passando para o lusco-fusco e depois anoiteceu.
Terminado o satsang, todos começaram a ir embora.
Um mar de pessoas. Vi-me no meio dos indianos, sendo levada pelo mar de gente.
Tentei sair da multidão. Inútil.
Comecei a gritar e a tirar a maquiagem: não sou indiana, sou estrangeira, socorro!
Os seguranças conseguiram me retirar a salvo.
O mar seguia seu rítmo sem se abalar.
Avenida Paulista
Sábado, 9:30 da manhã. Caminho da Rua Pamplona à Casa das Rosas. Escrevivendo. Chuvisca.
Vejo o rapaz seminu, jeito feminino, sujo, alegremente vasculhando o lixo.
Ele não me vê.
Duas horas da tarde. Faço o caminho de volta. Observo o cenário: Fran´café, Boulevard Monti Mare, Secretaria de Saúde do Estado - Pausteur - 1930, Banco do Brasil.
Palavras de Paz na FIESP. Música e dança.
Guardas uniformizados passam... Varredores varrem... Pessoas caminham... Olham o espetáculo.
"E agora onde está ele? Que sol contemplou seus últimos sonhos? Que solo recebeu seus restos cosmopolitas? Que fossa abrigou sua agonia? Onde estão os perfumes embriagadores das flores mortas? Onde estão as cores feéricas dos antigos sóis adormecidos?"
Ninguém me ama, ninguém me quer, ninguém me chama de Baudelaire.
E se tiver ainda com vida?
Sente frio?
Sente fome? De que/
De amor, Consciência, AutoConhecimento.
Com certeza.
Vejo o rapaz seminu, jeito feminino, sujo, alegremente vasculhando o lixo.
Ele não me vê.
Duas horas da tarde. Faço o caminho de volta. Observo o cenário: Fran´café, Boulevard Monti Mare, Secretaria de Saúde do Estado - Pausteur - 1930, Banco do Brasil.
Palavras de Paz na FIESP. Música e dança.
Guardas uniformizados passam... Varredores varrem... Pessoas caminham... Olham o espetáculo.
"E agora onde está ele? Que sol contemplou seus últimos sonhos? Que solo recebeu seus restos cosmopolitas? Que fossa abrigou sua agonia? Onde estão os perfumes embriagadores das flores mortas? Onde estão as cores feéricas dos antigos sóis adormecidos?"
Ninguém me ama, ninguém me quer, ninguém me chama de Baudelaire.
E se tiver ainda com vida?
Sente frio?
Sente fome? De que/
De amor, Consciência, AutoConhecimento.
Com certeza.
17 de abril de 2012
Escritora/leitora
Eu sou a escritora e leitora ao mesmo tempo. Só escrevo se tenho para quem escrever. Eu serei aquela para quem escrevo. Das 100 pessoas com quem me relaciono e troco e-mails, nenhuma é tão íntima que possa se interessar pelos meus devaneios, minhas saudades amorosas, confissões, desejos, ardência, fogo, jogo e jorro.
Anais. Dia e noite leio Anais. Penso em Anais. Sonho com Anais. Como Anais vou escrever um diário. Como Anais vou escrever sem pudor.
Anais. Dia e noite leio Anais. Penso em Anais. Sonho com Anais. Como Anais vou escrever um diário. Como Anais vou escrever sem pudor.
Aquário, aquário
Sou do signo de aquário, com ascendente em aquário. Sempre escuto dizer que o aquáriano está cem anos na frente. Como sou aquário-aquário, deva estar duzentos. Digo isso porque sempre me refiro aos meus casamentos como bem sucedidos embora tenham acabado. não considero o fato de terem chegado ao fim, como mal sucedidos. Tive momentos, dias, meses e anos maravilhosos nos meus quatros casamentos. Aprendi muito com meus ex-compainheiros e ainda somos amigos. Tenho admiração por eles e por seus trabalhos artísticos. Na revista, li que a tendência atual é cinco casamentos para cada pessoa. Os artistas quase sempre antecipam os costumes futuros. Principalmente os aquárianos.
O amor também tem prazo de validade
Hoje liberto o meu confidente. Agora estou só. É difícil aceitar que a paixão que senti, acabou. Nunca com ninguém, foi tão intenso. Como imaginar que isso pudesse acabar? Que surpresa, que tristeza. Agora amizade. Irmãos. Recomeço. Renascimento. Solidão. Amor. Amadurecimento. Clareza. Compaixão
Brechet
Diz-se que Brechet ensinou uma forma de ver o teatro com distânciamento. com uma calma, com alguma paixão, mas sem perder a crítica, com análise, sem completa projeção. Refiro-me a prática de ver a realidade, com sensatez. Distanciar-se para ver melhor, de vários ângulos. Sem precipitação, sem acreditar que a primeira impressão é o que conta. Isso, estou aprendendo na velhice, e sou grata. O amor da juventude tem prazo de validade. O amor de Deus é incondicional.
Ainda bem que com a velhice vem a sabedoria.
Ainda bem que tenho Deus para me fazer compainha.
Ainda bem que com a velhice vem a sabedoria.
Ainda bem que tenho Deus para me fazer compainha.
Antropofagia
Ipejú-Tupinambá tá com fome.
Eu sou Tupinambá
Caeté tem raiz.
Tupinambá tem asa e guelra.
Alteridade.
Oswald de Andrade.
Eu sou Tupinambá
Caeté tem raiz.
Tupinambá tem asa e guelra.
Alteridade.
Oswald de Andrade.
Unidade
Dançante e expressiva, tenho espírito e mente dançantes. Valorizo o corpo, reconhecendo sua unidade com a mente e o espírito.
Estar no presente.
Isso é unidade.
Sou.
Eu
EXisto.
HOje.
Estar no presente.
Isso é unidade.
Sou.
Eu
EXisto.
HOje.
Final feliz
A vida terá sempre um final infeliz. Doença e morte. Que durará alguns dias, meses ou anos. A não ser que você tenha encontrado o que procura. Dentro de você. Aí tudo o que vier será aceitável. Tudo é lucro. Você se sente tão pleno e completo que tudo vale a pena. Ter vivido, ficar doente e morrer. Não importa. Você não partirá de mãos vazias.
Infância
Acordei lembrando-me de minhas primeiras experi~encias na dança. Estudava ballet clássico numa escola de dança em Taquaritinga, onde morei dos 7 aos 11 anos. No ano de 1959, apresentamos um espetáculo de fim de ano no teatro da cidade. Foi minha primeira experiência de palco. Já tinha me apresentado dançando em Valparaiso, ( meu pai fazia carreira no Banco do Brasil e mudávamos frequentemente de cidade ), com 6 anos de idade, vestindo um figurino de toureiro, fazendo um papel masculino ao lado de minha colega de escola, que era muito mais feminina do que eu. Nessa época eu estudava num colégio de freiras e nos apresentamos numa quermesse para conseguir fundos para o colégio. Gostei de fazer um papel masculino e me sentia a vontade sendo o condutor da dança.Mas estar num palco, participando de um espetáculo, produzido, com iluminação, vários quadros, público, etc, era a primeira vez. Foi ali que percebi que tinha vocação para a coisa. A dança me dava uma experiência muito superior a da escola. Algo que valia a pena dedicar uma vida, percebi de maneira vaga e infantil.
Mosaico do Self
Eu vivi a minha vida ou ela foi um sonho?
Certa vez ouvi uma estória antiga, que era mais ou menos assim. Era uma vez um rei que teve o seguinte sonho: estava faminto na floresta e com grande dificuldade conseguiu um pouco de lentilhas. com maior dificuldade ainda, fez o fogo e coseu-as. Quando ia comê-las, passou um búfalo e derrubou as lentilhas que se misturaram com a poeira do chão. Ele acordou aos prantos em lençois de seda e pensou: sou um mendigo faminto que pensa ser um rei, ou um rei que pensa ser um mendigo? Procurou todos os sábios de seu reino para saber a resposta a sua pergunta, mas nenhuma o satisfez. Finalmente apareceu um jovem aleijado, dizendo ser um sábio, que lhe disse: você não é nem o mendigo, nem o rei. Você é esse ser interior que habita esse corpo.
Concordo com essa estória. Tem o mesmo significado das célebres palavras de Sócrates:
"Conheça-te a ti mesmo".
O budista diz que somos vítimas do "desejo de ignorar" e o psicanalista refere ao "desejo de não saber". Nos dois casos, acabamos produzindo nossa própria miséria. Quando posso tocar o meu ser interior, self, ou como você queira chamar isso, percebo que sou algo além das aparências e circunstâncias. Não sou nem dançarina, nem aleijada. Valorizo o fato de estar viva. O presente. A respiração. A realidade é melhor que o sonho. O dentro. No dentro, despreocupo-me das coisas superficiais. Procuro o desfrute. O agora, a vida. Quando posso estar mais conectado, consigo ver o outro, sem julgá-lo. Posso me aceitar. Todo dia preciso e quero tentar me conhecer um pouco mais. Essa é a missão a que vim cumprir nessa existência. Esse é o meu objetivo maior. Para isso preciso da ajuda de alguém que saiba como.. Um orientador, que me lembre constantemente, que eu confie e me sinta amada e grata. São sentimentos belos e preciosos que quero compartilhar com vocês.
Boa sorte. Encontrem o que procuram. É possível!
Certa vez ouvi uma estória antiga, que era mais ou menos assim. Era uma vez um rei que teve o seguinte sonho: estava faminto na floresta e com grande dificuldade conseguiu um pouco de lentilhas. com maior dificuldade ainda, fez o fogo e coseu-as. Quando ia comê-las, passou um búfalo e derrubou as lentilhas que se misturaram com a poeira do chão. Ele acordou aos prantos em lençois de seda e pensou: sou um mendigo faminto que pensa ser um rei, ou um rei que pensa ser um mendigo? Procurou todos os sábios de seu reino para saber a resposta a sua pergunta, mas nenhuma o satisfez. Finalmente apareceu um jovem aleijado, dizendo ser um sábio, que lhe disse: você não é nem o mendigo, nem o rei. Você é esse ser interior que habita esse corpo.
Concordo com essa estória. Tem o mesmo significado das célebres palavras de Sócrates:
"Conheça-te a ti mesmo".
O budista diz que somos vítimas do "desejo de ignorar" e o psicanalista refere ao "desejo de não saber". Nos dois casos, acabamos produzindo nossa própria miséria. Quando posso tocar o meu ser interior, self, ou como você queira chamar isso, percebo que sou algo além das aparências e circunstâncias. Não sou nem dançarina, nem aleijada. Valorizo o fato de estar viva. O presente. A respiração. A realidade é melhor que o sonho. O dentro. No dentro, despreocupo-me das coisas superficiais. Procuro o desfrute. O agora, a vida. Quando posso estar mais conectado, consigo ver o outro, sem julgá-lo. Posso me aceitar. Todo dia preciso e quero tentar me conhecer um pouco mais. Essa é a missão a que vim cumprir nessa existência. Esse é o meu objetivo maior. Para isso preciso da ajuda de alguém que saiba como.. Um orientador, que me lembre constantemente, que eu confie e me sinta amada e grata. São sentimentos belos e preciosos que quero compartilhar com vocês.
Boa sorte. Encontrem o que procuram. É possível!
16 de abril de 2012
Maria Duschenes e Prem Rawat
As duas pessoas que determinaram a trajetória e o desenho de minha existência foram Maria Duschenes , com quem estudei e me formei em Dança Contemporânea, no método Laban, ( Rudolf Laban, coreógrafo alemão, 1879 - 1959, um dos criadores da dança contemporânea ) e Prem Rawat, mestre vivo, do Conhecimento e da Paz Interior, que me deu instrumentos para acessar um lugar dentro de mim onde encontro tranquilidade e alegria. Paralelamente aprendi muito e sou agradecida a meus três filhos, netos, companheiros, família, amigos e alunos.
Maria Duschenes - A Pedagogia do Elogio
Quando conheci Maria duschenes, aos quinze anos de idade, eu já amava a dança. Tinha um vocabulário pobre de movimento, pouco conhecimento e um sentimento de ser insignificante, um quase nada vindo de longe e que não chegaria muito longe. D. Maria, como era chamada por seus alunos, tinha uma pedagogia do elogio. Sabia extrair de mim o que estava lá no fundo, mergulhado na escuridão. " Muito bem. Ótimo Isso foi genial. Sinta. Sinta o movimento". As vezes não dizia nada. Punha uma música muito louca, diferente detudo o que eu conhecia e mostrava algum movimento. Explicava a teoria de Laban. Pelo que ela dizia ele deveria ter sido um artista extraordinário. Ela falava dele com paixão. E a paixão começava a tomar forma em mim. A vontade de crescer, de dançar de uma maneira única, de brilhar, de conhecer tudo o que existisse na arte do movimento. Todas as danças, músicas, pinturas, poemas. Todas as expressões artísticas. Como eu precisava me expressar. Sair do limbo, perder o medo, buscar a luz. Não queria passar a vida em branco. Queria dar-lhe cor, textura, ritmo, sentimento e significado. Os gestos. era louca pelos gestos. Gestos de pernas, de tronco, de pescoço, de braços e mãos. A pequena sala de aula, em sua casa era um verdadeiro Oasis de cultura e arte. A disciplina era exemplar. Ela não precisava exigir nada. Uma sugestão sua, soava como um enorme e fascinante desafio. Chegávamos antes da hora para estarmos aquecidos quando ela entrasse na classe. " Este foi muito bom". Olhávamos para quem ela estava elogiando e logo fazíamos tudo para conseguir o mesmo resultado. Mas, como ela sempre enfatizava, do nosso jeito pessoal, buscando uma expressão própria. E pouco a pouco fui encontrando meu jeito de dançar. Fui enriquecendo meu vocabulário de movimentos. "Vocês sabem mais do que pensam. Façam outros cursos. Podem fazer dança africana, Martha Graham. Vocês deveriam fazer o curso de férias no Connecticut Dance Festival. Vejam esse quadro de Giacometti. Improvisem. Vejam com o corpo. Sintam o espaço. Sintam os outros". Dançávamos sem perceber o tempo passar, sem sentir cansaço. Quando parávamos é que sentíamos a dor no corpo. Tinha passado por uma transformação, mais uma vez. Tinha saído do corpo e flutuado. Tinha experimentado extase. Tinha matado a fome de sentir prazer. Perdia a noção dos preconceitos. Éramos classificados a partir de nossas tendências de movimento. "Os que tendem para o nível baixo, começam. Os que gostam mais do nível médio fazem essa sequência. Os do nível alto param. Vocês não precisam usar só os braços. Podem usar o tronco. Podem seguir as mãos". Sim, ela era sem exagero, adorada pelos alunos, que a consideravam uma segunda mãe e as vezes a única Mãe. Quando completamos seis anos ou mais de curso, ela declarou que estávamos formados. Então para não nos afastarmos dela, tornamo-nos seus assistentes. E ficamos ao seu lado até ela ficar idosa, adoecer e parar de trabalhar. Mas sua lembrança continua muito viva. Ela é uma referência para muitos. Será sempre inigualável, insubstituível, amada e adorada. Uma lenda viva. Serei sempre eternamente agradecida a ela. Por seus ensinamentos, por seu conhecimento e por seu amor aos alunos, a dança e a seu professor: Laban.
Prem Rawat - Educação para a Paz
Aos trinta anos, depois de sofrer um terrível acidente de carro, que me deixou deficiênte física e sem rumo, já que era dançarina profissional, fui apresentada por Takaoka a Prem Rawat, que também é chamado de Maharaji, por seus alunos. Já tinha sido iniciada no "Sentir" por Maria Duschenes, mas ele superou todas as expectativas. "Conheça-te a ti mesmo. tudo o que você procura está dentro de você. Você pode conhecer o céu aqui e agora." Ouvindo suas palavras, suas palestras, fui entrando num universo antesdesconhecido para mim. Fui despertando para um sentimento profundo de harmonia e prazer. senti uma sensação de preenchimento, de encontro e realização. Algo que não pode ser descrito por palavras, nem desenhado, cantado, dançado ou comentado. Tão pessoal, único, belo e extraordinário. Embriagador. Um vício. Uma referência tão marcante que tudo o mais se torna pequeno. Como numa estória indiana de um sapo que só conhecia o poço e depois conhece o oceano. Essa experiência é tão incrível que apesar de vivenciá-la a mais de trinta anos, percebo-a fresca e cada vez mais atraente e deliciosa. Mas é preciso determinação, dedicação e cuidados constantes. como uma planta precisa ser regada, precisa de luz e sol. É um amor que não te abandona porque está dentro de você. "Você é um milagre. Estar vivo é a maior benção. Sinta sua respiração. Ela iniciou sua vida e a encerrará". Viajei para várias partes do planeta paraouvi-lo e estar com ele. Acredito que trabalhar para a Paz é o mais nobre e difícil trabalho. Tenho me dedicado a ele, com entusiasmo, persistência e orgulho. Esse Conhecimento também como um espelho, me mostra o meu lado escuro, o mecanismo da minha mente insatisfeita, julgadora, insaciável, destrutiva e invejosa. Podendo vê-la, posso me cuidar e não ficar totalmente subjugada por ela. Também posso perceber o mesmo mecanismo nos outros e ser mais compassiva. É um processo para a vida toda. O que Prem Rawat oferece não são apenas palavras, ele também te prepara para uma prática que chama de meditação. É diferente de outras meditações. É um processo único. Ele criou um método de preparação, que ele chama de Chaves. É feito de forma que cada um possa vivencia-lo individualmente, no seu ritmo pessoal. A meditação também, depois de ensinada por ele, é praticada individualmente. Portanto é algo único, pessoal e intransferível. Ele comunica-se com cada um, e quer ensinar as técnicas pessoalmente a cada um. É um dom que ele tem. Não conheço ninguém que tenha esse dom, como ele. vem desenvolvendo esse trabalho desde os 8 anos de idade, há 40 anos e é reconhecido em pelo menos 50 países. É convidado a fazer palestras sobre o tema da Paz em universidades, Parlamentos, ONU e recebeu o título de Embaixador da Paz, no Brasil, pela Unipaz. Leva essa mensagem aos presídios do Brasil e muitos outros países. A reincidência diminuiu nos presídios onde foi desenvolvido esse trabalho que ele chama de Educação para a Paz. Alguém que se dedica com tanta visão e paixão para trazer paz á vida das pessoas, que ele nem conhece. Por isso tenho muita admiração por ele e respeito por seu trabalho. Sei que não mede esforços para levar essa mensagem, "A Paz é possível"para os lugares mais remotos do planeta. Sim, a Paz é possível. Essa é a esperança que ele mantém viva para mim. Sem isso, não saberia viver nesse mundo sem paz.
Paz interior
Sinto um perfume. É o perfume de Deus. Um abraço. Acolhedor, amoroso, sem julgamento de certo ou errado. Tudo está certo. No lugar. Da melhor maneira. Genial. Sinto-me amada. Sinto amor. Um amor incondicional. Eterno. Sinto-me eterna. Terna. Gosto doce e suave na boca. Um som de mar batendo na praia. Uma brisa. O universo me respira. Sinto a respiração, como algo incrível, como nunca senti antes.Inspiro e expiro profundamente. Mergulho. Dentro de mim encontro um espaço. Uma ordem. Uma força. Um sentimento de aceitação. De deslumbramento. Nada de fora penetra nesse lugar secreto. É meu abrigo. Meu melhor amigo. Constante. Protetor. Saio para a luta do mundo de fora como uma guerreira. Uma artista. Uma louca que acredita na paz. Embriagada. Viciada no êxtase. Que luta pela paz. Nessa batalha não estou sozinha. Estar em paz, dentro daguerra. Como Arjuna. Saber que tenho que confiar na Vida. Que ela é breve. Frágil. Inútil o apego e o orgulho. A humildade é minha arma mais poderosa. Com ela vencer. Talvez não todas as batalhas, mas a guerra. Principalmente a guerra íntima, das dúvidas, da confusão, do não conhecer-se. Sair da completa ignorância de quem sou e começar a me conhecer. É um alívio imenso. Um sentimento de missão cumprida. Sensação de que encontrei o que procurei o tempo todo, em todos os lugares e finalmente, encontrei. Dentro de mim. Tenho sorte, sinto-me afortunada. Tenho como lidar com meus monstros de fumaça, meus medos infantis, minha prepotência, minha fraqueza. A paz interna é a maior benção. Nada se compara a ela. É um processo para a vida toda e demanda dedicação, persistência e paixão. Nos momentos de solidão, perda, tristeza e dor, tenho um recurso, um meio de me fortalecer e superar os obstáculos. esse processo é contínuo e renovado. Cada dia é um novo dia. Cada respiração é uma nova respiração. É divino. Magnífico. Surpreendente. Incomparável. Ainda assim é um recordar-se de algo familiar. Um reencontro com algo que na infância podia sentir. Uma alegria de estar viva. Um olhar as coisas como criança. Um prazer maior do que as dores que as injustiças constantes desse mundo provocam. Essa paz produz em mim uma gentileza. Quando estou bem, sou gentil, cordata e pacífica. Quando perco meu centro, atropelo o primeiro que passar pela minha frente. sou rude e agressiva. Sentir paz faz toda a diferença para mim. Vou carregar esse tesouro, até o fim. não vou perdê-lo como perdi a juventude. Esse amor não tem prazo de validade. Esta beleza não envelhece. Esse alimento não apodrece. Isso é o mais próximo que posso chegar da imortalidade. Não vou morrer de mãos vazias. Darei minha última exalada de ar, agradecida. Sou e sempre serei grata a quem me proporcionou esse Conhecimento.
4 de Dezembro de 1982
Recebi o Conhecimento de Prem Rawat nesta data inesquecível e que representa a data do meu renascimento, tal sua importância para mim. É impossível descrevê-lo com palavras. Posso dizer que me possibilita entrar num espaço interno, que me acalma, esclarece e fortifica. Com certeza, foi o acontecimento mais importante de minha vida e que moldou meus passos e minha dança daí para a frente.
Então meus caros amigos, mais uma vez:
Boa sorte. Encontre o que procuram. É possível.
Recebi o Conhecimento de Prem Rawat nesta data inesquecível e que representa a data do meu renascimento, tal sua importância para mim. É impossível descrevê-lo com palavras. Posso dizer que me possibilita entrar num espaço interno, que me acalma, esclarece e fortifica. Com certeza, foi o acontecimento mais importante de minha vida e que moldou meus passos e minha dança daí para a frente.
Então meus caros amigos, mais uma vez:
Boa sorte. Encontre o que procuram. É possível.
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