6 de maio de 2012

O elefante e o escaravelho

A normalidade é nossa maior doença; é perigosa o suficiente para terminar com a espécie humana.
Todos nós queremos ser normais.
Já foram praticados inúmeros atos desumanos em nome da normalidade.
Tentamos manter nosso comportamento o máximo possível dentro da normalidade.
Nunca nos perguntamos: o que é ser normal?
Por que temos que ser normais?
O que os "normais" tem nos mostrado de significativo?
Nada além de mediocridade. Nada além de uma repetição de ações sem sentido.
A sincrônica estória entre estes dois animais que não se conhecem, o elefante e o escaravelho é a seguinte:
O elefante procura a chuva porque onde ela estiver, estarão os brotos novos que são seu alimento.
E o escaravelho procura o elefante porque ele produz esterco, muito necessário para a continuidade de sua espécie.
O escaravelho fêmea pega um pequeníssimo pedaço de esterco de elefante, coloca seus ovos dentro, faz uma esfera perfeita de barro, e enterra essa esfera na terra. O seu esforço para fazer isso é tanto que morre em seguida.
Quando o escaravelho-bebê está completamente pronto, ele tenta sair da casca mas não consegue porque o barro endureceu. Então ele precisa esperar pela chuva para que amoleça a casca e ele possa rompê-la.
A chuva atrai o elefante e quando o escaravelho sai da sua casa, adivinha o que tem esperando por ele?
Esterco.
Os escaravelhos provavelmente inspiraram os egípcios a construírem seus túmulos.
O que os escaravelhos fizeram de tão certo que sobreviveram aos avançados egípcios e sobrevivem até hoje?
Ouviram a mensagem simples inerente ao seu ser.
O ser humano também tem uma mensagem inerente ao seu ser: seja feliz.
Será que somos capazes de ouvir e seguir esta orientação inerente?
Ou será que seguimos milhares de orientações falsas ditadas pelo mundo, passadas de geração a geração sem ao menos serem contestadas, pesquisadas quanto a sua veracidade, a sua validade?
Estamos perdendo o contato com o nosso coração e portanto estamos perdendo a nossa humanidade.
É preciso estar atento e forte.
É possível vivermos como a flor de lótus, com as nossas raízes na sujeira e nossos corações na beleza da simplicidade.
Podemos estar atentos para a realidade interna ditada por nosso coração e confiarmos que nesta realidade nada nos faltará.
Nesta realidade podemos ser, podemos existir e podemos contemplar a sicronia perfeita entre nossa sede e a água.
Não podemos desejar ter o que queremos mas certamente teremos o que nos é necessário para sermos felizes.
O que realmente sabemos a respeito da verdadeira felicidade?
Felicidade que é a liberdade que pode ser sentida dentro, onde quer que estejamos?
Existe um ditado que diz: áquele que busca o caminho da verdade, a natureza se coloca ao seu lado.
Percebo que quando confio na intuição do meu coração e dou um passo no abismo, sempre sou surpreendido por um chão firme e invisível que me ampara e posso continuar com mais um passo o meu caminhar.
Esta confiança neste caminho, nesta outra realidade, vem da observação diária da sua solidez.
Observo que a felicidade que meu coração me oferece está sempre no agora e é plenamente sentida e comprovada.
Observo que a felicidade que o mundo me oferece está sempre amanhã e nunca pode ser comprovada.
Sinto que fiz a escolha e que tenho que fazê-la todos os dias. Nada é garantido.
Neste caminho é preciso estar atento, para seguir estas novas leis que vou descobrindo através do aprendizado, da observação e da comprovação.
É um caminho de entendimento. Não um entendimento puramente racional, mas um entendimento com o coração. E tornar esse entendimento em escolha, agir de outro jeito. Neste mesmo mundo sem consciência, agir com consciência.
Aprender com os erros e as quedas. Não aprender a aprimorar-se no erro mas transformar-se pelo erro.
Quando cair pegue uma pedra do chão.
Estar comprometido não com a palavra dada, mas com o sentimento do meu coração.
Meu coração é meu Senhor e minhas palavras são somente a expressão que este Senhor tiver para expressar.
Nada pode ser mais radical que o coração dos homens.
Nada pode ser mais ousado, criativo e radical do que ouvir e entender a linguagem do coração.
As leis do mundo tornam-se mentirinhas sem nenhum poder, algo difuso, confuso e distante.
Alguma coisa do passado que vez ou outra reaparece como monstros de neblina a serem desmascarados e esquecidos.
Não há tempo para os monstros de neblina, neste lado ensolarado da rua.
Nada é mais suave e doce do que o coração dos homens.
Nada é mais sutil e belo do que estar conectado com o meu coração e poder sentir o sentimento sublime da gratidão.

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